sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

30 anos: o momento da reflexão

Completar 30 anos provoca reações variadas e complexas. Para mim foi um momento de reflexão, de avaliar o que precisava ser mudado e partir para a ação. Confesso que cheguei aos 30 feliz com as minhas experiência pessoais, que boas ou ruins (algumas muito ruins), forjaram quem sou e fortaleceram laços com aqueles que eu estimo. Mas quando atingi os 30, fiz minha auto avaliação e não parei para refletir sobre a experiência dos outros. Hoje, com 31, vejo outras pessoas chegando aos 30 e observei que as reações foram bem diferentes.

A síndrome do “sentindo-se velho”

Há pessoas que acham que ter 30 é sinônimo de ser velho: ter papo de velho, sentir os limites que a idade dá ao corpo e só querer fazer programas de velho.
1) Papo de velho. O que é papo de velho? Pensando o contrário: o que é papo de jovem? A balada? Falar de quem está ficando com quem? A roupa irada que alguém comprou? O novo corte de cabelo que dá um visual maneiro? O último filme que está bombando nas bilheterias? O jogo em rede do momento?
Comparativamente, pessoas mais velhas podem falar das mesmas coisas. O que muda é o peso que essas coisas tem em suas vidas, pois surgem outras coisas mais relevantes, como pagar as contas com o próprio salário, por exemplo. No domingo, você sai de casa sabendo que a hora da sua volta não pode te atrasar para estar no trabalho na 2ª feira, o que é bem diferente de sair com a preocupação de saber o limites de faltas para ver se vai dar para matar aula. As prioridades mudam, pois a liberdade de viver sozinho implica em se sustentar sozinho ou em família e traz responsabilidades bem diferentes daquelas que se tem vivendo com os pais ou em república. O papo passa a incluir o chefe autoritário que sobrecarrega ou não valoriza você, o colega folgado que não trabalha direito ou aquele que faz tudo para prejudicar os outros e o chefe não percebe. Ainda se fala de baladas, shows e outros programas noturnos, mas também se fala de problemas de relacionamentos, o que não existe para quem está apenas “ficando”. Há aqueles que já casaram, tiveram filhos, divorciaram, financiaram imóveis, carros, etc, o que trás assuntos diferentes da época do “ficar” e viver com a mesada, a bolsa de estudos ou similares. Pode-se falar do marido que colabora ou não com as tarefas domésticas, das dificuldades do filho calmo ou hiperativo, dos problemas com o ex-marido e ainda falar de atualidades. Os relacionamentos são mais duradouros e profundos, mas o envolvimento com as atualidades depende do interesse e empenho pessoal, o que não é determinado pela idade e sim pelas particularidades de cada um. Eu, por exemplo, sempre fui desatualizada e desligada para um monte de assuntos, me concentrando nas atualidades de alguns temas bem específicos (anime/ mangá, meio ambiente) e isso sempre foi dessa maneira e quem sabe se assim será. Não fiquei mais desatualizada com a idade. Acho até que algumas coisas melhoraram, pois a Internet me forneceu mais acesso e variedades de informação. O que me faz concluir que atualidade é algo que varia mais com gosto do que com a idade e que esse comentário de “papo de velho” é que está obsoleto.
Foi-se o tempo que papo de velho era só saber trocar receita culinária, de tricô, crochê, bordado e ponto cruz para as mulheres e falar de futebol, carro, ferramentas e bebidas para os homens. Não que esses assuntos não possam ser abordados por jovens, mas falar só disso devia ser muito chato. Hoje em dia, velho é o papo de quem não fala de nada novo, nem que seja para falar sempre do mesmo jogo de video game. Independente da idade, o importante é buscar algo de que goste e se atualizar!
2) Sentindo os limites da idade. Quais são os limites físicos e mentais de alguém da sua idade? Será que realmente usamos o máximo de nossas capacidades? E será que nós nos preparamos para poder usufruir o máximo? Sei, por exemplo, que sempre fui sedentária. Portanto, não posso esperar uma resposta do meu corpo da mesma maneira que um atleta da minha idade esperaria. E a culpa é da idade? Não, o que me levou a começar a praticar um esporte regularmente e já melhorei meu condicionamento. Por isso, afirmo que os limites que a idade traz são menores do que aqueles que você coloca para si. É claro que a degradação do físico ocorre ao longo dos anos, mas é muito menor se você praticar algum esporte. E a sua memória, como anda? Esquecida? Quer um cérebro com um raciocínio mais rápido? Exercite-o: para a memória, palavras cruzadas, para a agilidade mental, faça contas sem a calculadora. Leia mais livros e amplie seu vocabulário.
O corpo e a mente se desgastam, mas com cuidados regulares, muito menos. Agora, não fazer nada para se cuidar e querer estar com 30 igualzinho a quando se tinha 20 anos é pedir muito. E se você bebeu e fumou demais, dormiu de menos e só comeu porcaria até agora, nem se fala… Sei que é duro saber que muitas coisas que você acha legal são prejudiciais à saúde, mas as regras estão aí e para se ganhar mais qualidade de vida é preciso segui-las. Então, se de hoje em diante você se cuidar, quem sabe você não melhora naquele ponto que incomoda? Não digo que tudo vai ficar ótimo, mas quem sabe daqui alguns anos você se surpreenda positivamente!
3) Programas de velho. Altamente definidos pelo gosto pessoal, os programas que são assim rotulados costumam envolver idas ao restaurante, tardes de bate-papo numa sorveteria, jogos de tabuleiro em casa ou um filme com pipoca. É claro que quem faz 30 pode querer fazer isso. Sim, pode. Isso e muito mais. Além dos programas a serem realizados durante o dia, que podem envolvem várias faixas etárias e permitir que as crianças possam participar, há também os programas que podem ser realizados entre casais e as saídas noturnas. Aos 20 anos você não faz programas com os filhos pois a maioria não os tem e várias pessoas que tem filhos os deixam com a mãe e saem sozinhos com os amigos.
Já aos 30, você procura dividir seus momentos de lazer com a família, os amigos e as convenções sociais. É preciso dar atenção:
1- aos pais (se você estiver numa união estável, são dois pais e duas mães querendo atenção),
2- aos filhos (que podem ser um ou vários, com faixas etárias diferentes e que precisam de diversão adequada para a idade),
3- aos irmãos (eu só costumo comemorar seus respectivos aniversários, mas quem costumava sair com seus irmãos quando morava com eles, precisa separar um tempo para fazer algo com eles depois que saiu de casa),
4- aos amigos (que podem incluir programas para solteiros ou casais e que podem ser tranquilos ou animados),
5- aos colegas de trabalho (é preciso comparecer aos happy hours e churrascos para que a equipe te aceite como membro),
6- aos vizinhos (que podem chamar para o aniversário dos filhos deles ou para bater papo),
7- aos amigos dos seus filhos (e ter que ir naquelas festinhas de crianças onde, se você não conhecer ninguém, pode ser muito chato),
8- ao companheiro (que precisa de uma atenção especial e pode querer dividir um momento romântico a dois ou uma ida a um show agitado…),
9- aos tios, primos, avós, etc.
Enfim chegar aos 30 é aprender a fazer malabarismo pois você precisa dar atenção para um monte de pessoas e, em geral, não tem muito tempo. Programa de velho é fazer nada e deixar o tempo passar. Enquanto a vida for ativa, não há programa de velho.

A síndrome do “eu ainda não fiz nada de importante na minha vida”

Muitas pessoas acharam que chegariam aos 30 com a vida completamente resolvida: bem casadas, talvez com filhos, com um bom emprego, com perspectivas de crescimento na carreira, com algum conforto financeiro, com carro ou talvez casa própria, enfim, com uma série de objetivos alcançados.
Quem ainda não atingiu um ou mais desses objetivos, tem a tendência de achar que está atrasada, que já é tarde para conseguir o que gostaria ou que talvez, se não conseguiu até agora, não vai conseguir mais. E entra em depressão. Calma: ter 30 anos e não atingir seus objetivos não é o fim do mundo, muito pelo contrário, é o começo. É chegar aos 30, valorizar o que se tem e correr atrás do que te falta. Ter objetivos é ótimo! Triste é a vida de quem acorda de manhã e não tem motivação sequer para sair da cama. Objetivos impulsionam a vida, metas norteiam ações e atitudes diárias conduzem nossos passos em direção da concretização das nossas aspirações.
Se ainda falta muito, descubra o que você precisa fazer para que falte menos e faça. Afinal, a expectativa de vida anda cada vez maior e há muito tempo pela frente, quem sabe até mais de duas vezes o que você já viveu. Então, troque o desânimo e o resmungo por planejamento e atitude!

O que os outros pensam ou falam para você…

Os mais velhos:

“Já está com 30 e continua com esse tipo de atitude?”
“Não acredito que você fez (ou vai fazer isso)! Quando é que você vai amadurecer?”
“Na sua idade, eu já tinha casado, tido filhos e tinha um monte de coisas para me preocupar. Se continuar escolhendo desse jeito, vai morrer sozinha(o)!”
“Você ainda não viveu nada! Espera só passar os 40 e depois a gente conversa.”
“Um filho? Você não sabe o que é problemas. Tive 4. Isso sim era ter trabalho.”
“Sua filha tem quantos anos? Só 9? Espera ela chegar na adolescência e aí sim você vai ver o que é preocupação.”
“Tenha paciência. Tive de aguentar muita coisa para segurar o casamento.”
“Vai se separar? Por quê? Ele te traiu? Chegou em casa bêbado e te bateu? Não? Então não tem motivos!”
“Ela pediu separação por que tem outro. Não pode ser por que ela deixou de gostar do meu filho…”
“Ela está namorando? Pois pode apostar que vai dar mais atenção para o outro do que para a própria filha!”
“Está com dor no joelho? Depois dos 40 fica pior!”
“Está reclamando das cólicas? Espera só a menopausa!”
“Está se queixando de que está sem pique de correr atrás da bola? Pois eu operei o joelho e não posso nem pensar em futebol.”
“A sua digestão anda ruim? Depois dos 40 a lista do que me faz mal só aumentou.”
“Está achando que tem muito trabalho? Você é muito novinha, tem mais é que ralar mesmo!”
“Não acredito que ainda não tem um carro! Eu teria dois empregos e daria um jeito de ter um!”

Os mais jovens:

“Já vai dormir?”
“Deixa para lá, você não vai entender.”
“Já cansou?”
“Você está por fora.”
“Quando eu tiver a sua idade, não vou querer/ vou querer…”
“Não aguenta mais?”
“Não adianta perguntar para ela que ela não sabe.”
“Você vive esquecendo.” ou “Você nunca se lembra.”

Os 30 anos servem como um marco para a reflexão. Não se deve perder tempo com o que os outros dizem ou pensam sobre você. Você sempre será velho demais para os jovens e novo demais para os mais velhos. Decida o que você pensa a seu respeito. Se avalie: faça um balanço da sua pessoa e da sua vida. Veja o quanto você já mudou, conquistou, descobriu, amadureceu e o perceba o que falta. Valorize seus pontos positivos. E faça o principal: mude e corra atrás do que falta para você!


Relacionado ao assunto (após 51 páginas de pesquisa no Google, ufa!):
Filme:
De repente 30 (após um pedido, passaram-se 17 anos e a menina se transformou numa garota de 13 anos no corpo de uma mulher de 30).

Blogs e matérias
:http://www.meninasde30.blogger.com.br/
http://vvdavivian.blogspot.com/
http://www.mulherde30.com.br/
http://mulhertrinta.blogspot.com/ - tirinhas divertidas
http://pt.shvoong.com/humanities/1705241-homens-30/
http://pt.petitchef.com/receitas/a-mulher-de-30-anos-satisfaz-tudo-fid-274358http://mulher-de-trinta.blogspot.com/
http://mulher.terra.com.br/interna/0,,OI3039992-EI4788,00-Sou+uma+mulher+de+E+agora.html
http://algunstrintaanos.blogspot.com/2009/11/ja-chegou-nos-30-e-poucos-anos.html
http://ederepentejanos30.blogspot.com/2008/08/e-quando-se-chega-aos-30.html
http://meuchuveiro.blogspot.com/2009/04/perto-dos-30.html
http://bemvindaaonumero30.blogspot.com/2008/11/um-dia-eu-li-que-angstia-sensao-do-nada.html
http://www.reflexoesdepoisdos30.blogspot.com/

Um comentário:

Priscila Roque disse...

Adorei encontrar meu link relacionado a sua reflexão sobre os 30 :) Ô época difícil de passar! Um beijo grande!